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Arquipelago de Origem:
Funchal
Data da Peça:
1890-00-00 00:00:00
Data de Publicação:
11/04/2024
Autor:
Luís Bernes
Chegada ao Arquipélago:
2024-04-11
Proprietário da Peça:
Não identificado
Proprietário da Imagem:
Imprensa Académica
Autor da Imagem:
Imprensa Académica/Teatro Municipal
José Leite Monteiro, desenho e gravura de Luís António Bernes, 1890 (c.), Funchal, ilha da Madeira.

Categorias
    Descrição
    José Leite Monteiro.
    (1841-1920).
    Conselheiro Dr. José Leite Monteiro (Porto, 27 set. 1841; Funchal, 10 mar. 1920) era filho do Dr. Caetano José Gomes Monteiro, juiz de uma das comarcas do Funchal, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra e foi advogado do Funchal e professor do Liceu. Fez parte do Partido Fusionista e do Partido Regenerador, desempenhando os cargos de governador civil substituto, membro do conselho do Distrito e presidente da Câmara Municipal e da Junta Geral do Funchal.
    Desenho e gravura de Luís António Bernes (1865-1936), 1890 (c.)
    Pub. Paulo Miguel Rodrigues, in Teatro Municipal de Baltazar Dias, Funchal, Imprensa Académica, abril de 2019, p. 35.
    Funchal, ilha da Madeira.

    Como as grandes cidades europeias, também o Funchal, ao longo do século XIX, lutou pela construção de um teatro municipal, para servir de palco às principais manifestações culturais da cidade, sociais e até políticas. A localização escolhida foi a parte Sul da antiga cerca do Convento de São Francisco, onde funcionava um mercado, tendo já então a parte Norte dado origem ao chamado “jardim novo”, hoje Jardim Municipal. O projeto foi entregue ao engenheiro Tomás Augusto Soler (1848-1883), da cidade do Porto, infelizmente, falecido antes do lançamento da primeira pedra. Essa cerimónia ocorreu a 24 de outubro de 1883, pela mão de vice-presidente, o morgado João Sauvaire da Câmara e Vasconcelos (1828-1894), tendo a obra decorrido sob a responsabilidade do engenheiro José Macedo de Araújo Júnior e, os trabalhos, do mestre de obras Manuel Pereira, também ambos do Porto.
    O edifício seguiu as linhas gerais neoclássicas e italianizantes do teatros europeus da sua época, com planta retangular, alçados de 2 pisos, sendo o primeiro de estilo dórico e o superior, jónico, rasgados regularmente e rematados por balaustrada, ao centro da qual se levantam as armas da Câmara Municipal do Funchal. Interiormente apresenta amplo átrio no piso térreo e salão nobre no piso superior, com sala de espetáculos em ferradura, dividida em plateia, frisas laterais e camarotes de 1ª, 2ª e 3ª ordens. Os tetos e as cornijas das principais salas encontram-se decorados por pinturas naturalistas e românticas efetuadas pelo cenógrafo italiano Luígi Manini (1848-1936) e pelo pintor-decorador português Eugénio Cotrim (1849-1937). No complexo do Teatro funciona um pequeno café, o Café do Teatro, ponto de reunião muito característico da sociedade funchalense, assim como gabinetes de direção e de trabalho, camarins e oficinas várias de apoio às inúmeras atividades cénicas, musicais e culturais que ali decorrem.
    O Teatro foi inaugurado a 2 de março de 1888, sendo presidente da câmara o visconde do Ribeiro Real (1841-1902), levando à cena a zarzuela "Las dos Princesas", pela companhia espanhola contratada por D. José Zamorano, vinda expressamente das vizinhas Ilhas Canárias para o efeito. Nos anos seguintes continuaram a atuar companhias espanholas e italianas, em digressão pelas ilhas atlânticas, mas também portuguesas, artistas dos Scala de Milão e de Génova, do Real Teatro de Madrid, assim como os principais atores portugueses até aos dias de hoje. No salão de entrada encontram-se expostas parte das lápides evocativas da passagem pelo Teatro das mais importantes figuras do teatro português e internacional desde os finais do século XIX.
    O teatro municipal do Funchal começou por se chamar Teatro D. Maria Pia (1847-1911), em homenagem à então rainha de Portugal, de origem italiana, passando, após a implantação da República, a Teatro Funchalense. A partir de 1917, depois da morte do Dr. Manuel de Arriaga (1840-1917), antigo deputado da Madeira e 1º Presidente da República Portuguesa, passou a utilizar o seu nome e, a partir de 9 de abril de 1942, o do dramaturgo madeirense do século XVI, Baltazar Dias.  O “poeta cego da ilha da Madeira”, Baltazar Dias, como é referido por D. João III (1502-1557), em alvará de 29 de fevereiro de 1537, com o privilégio para publicação das suas obras, foi um dos mais importantes autores teatrais portugueses da segunda metade do século XVI e ainda é representado em autos populares nas ilhas de São Tomé e Príncipe, em África, no interior do Brasil e no continente europeu português.
    O Teatro Municipal de Baltazar Dias foi palco das mais importantes manifestações culturais na Madeira ao longo de quase século e meio, quer em cena, quer no écran, já que durante certo tempo a sua sala foi a única a exibir filmes em continuidade na Madeira. Por outro lado, ao longo da sua história, passaram pelo seu palco as mais importantes companhias cénicas portuguesas e europeias. Criteriosamente restaurado, ainda é hoje a sede e o centro mais importante das atividades culturais do Município e, em grande parte, da ilha da Madeira.