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Arquipelago de Origem:
Madeira
Data da Peça:
1950-00-00 00:00:00
Data de Publicação:
14/01/2024
Autor:
Ferreira de Castro e Estrela Faria
Chegada ao Arquipélago:
2024-01-14
Proprietário da Peça:
Museu Ferreira de Castro
Proprietário da Imagem:
Museu Ferreira de Castro
Autor da Imagem:
Estrela Faria
Ferreira de Castro, Eternidade, volume das Obras Completas, n.º III, ilustrações de Estrela Faria, Lisboa, Guimarães & C.ª, Editores, 1950, Portugal.

Categorias
    Descrição
    Ferreira de Castro, Eternidade, volume das Obras Completas, n.º III, Lisboa, Guimarães & C.ª, Editores, 1950, Portugal.
    (1898-1974)
    Ilustração de Estrela Faria (1910-1976)
    Museu Ferreira de Castro, Sintra, Portugal.
    Pub. Ricardo António Alves (Museu Ferreira de Castro), "Eternidade de Ferreira de Castro: canto de morte e de amor", in Islenha, n.º 48, direção de Marcelino de Castro, Funchal, DRAC, janeiro - junho 2011, p. 54, ilha da Madeira

    Juvenal Gonçalves, após a morte por doença da sua esposa, Helena, regressa à ilha da Madeira, sua terra natal. Aqui, num cenário contrastante de natureza idílica e encantadora, atravessa os vários estádios do luto e da solidão, revoltando-se perante a fragilidade da condição humana e a sua capacidade de resignação, tomando consciência das injustiças sociais que o rodeiam, da chocante discrepância que opõe a vida dos burgueses ricos do Funchal, entre os quais se conta o seu irmão, Álvaro, e a dos camponeses e bordadeiras. A insurreição que encabeça é prontamente suprimida pelo governo nacional. Com a deportação para o inferno de Cabo Verde, virá também a notícia da gravidez fruto da sua relação com Elizabeth, e uma renovada esperança no futuro da humanidade.
    Romance publicado em 1933, após o êxito mundial obtido com A SelvaEternidade, marcado pelo pendor autobiográfico da perda e do luto, ocupa um lugar particular na bibliografia e na vida de Ferreira de Castro, reavaliada hoje em dia pela crítica como uma das suas maiores obras ficcionais.
    Assim são os livros de Ferreira de Castro: como uma árvore que amamos, de muito a ter absorvido na paisagem e no lugar da nossa vida. (Agustina Bessa-Luís)
    José Maria Ferreira de Castro (Ossela, Oliveira dos Azeméis, 24 maio 1898; Porto, 29 jun. 1974). Filho de camponeses de poucas posses, ficou órfão de pai com oito anos e, com 12 anos, resolveu emigrar para o Brasil, para onde embarcou, em janeiro de 1911, começando logo a trabalhar e, ao mesmo tempo, a escrever. Mudou-se, entretanto, para o interior, trabalhando na selva amazónica como seringueiro, durante quase quatro anos. Em 1919 regressou a Portugal, colaborando em várias redações de periódicos de Lisboa e publicando os seus primeiros livros, mas de reduzido sucesso. Em 1927 juntou-se com a também escritora Diana de Liz (Maria Eugénia Haas da Costa Ramos, 1892-1930), mais velha que ele e defensora da emancipação feminina. Pouco depois lança o romance Emigrantes (1928), que o projetam já mesmo internacionalmente e, em seguida, A Selva (1930), que dedica à sua companheira e que se torna num incondicional sucesso. Nesse ano, no entanto, precocemente, falece Diana de Liz, o que o afeta profundamente, retirando-se para a ilha da Madeira. Em 1933, Ferreira de Castro, apresenta o seu nome romance Eternidade, uma vez mais e de certa forma, autobiográfico, onde escreve, referindo-se ao café Golden Gate: “Aquele ângulo do Funchal era entre as esquinas do Mundo, dos mais dobrados pelo espírito cosmopolita do século”, transcrição inaugurada com medalhão de bronze do autor, em 2001, trabalho do escultor Ricardo Velosa (1947-). Escritor muito prolífero, sempre muito ligado ao realismo social, que o aproxima dos neorrealistas, manterá durante toda a vida uma especial relação com a ilha da Madeira. Faleceu, entretanto, no Porto, mas pedindo para ser enterrado em Sintra, onde fundou um museu com o seu nome e espólio.
    Estrela da Liberdade Alves Faria (Évora, 1910; Lisboa, 1976). Aluna de Veloso Salgado (1864-1945) na Escola de Belas Artes de Lisboa e na Escola de Belas Artes de Paris, em 1938, após ter ganho a medalha de ouro na Exposição internacional de Paris, no ano anterior. Participou na Exposição do Mundo Português, de 1940 e foi depois bolseira do Instituto de Alta Cultura para se aperfeiçoar nas técnicas da pintura a fresco e de cerâmica em França, Itália e Holanda (1948). Residiu em São Paulo, no Brasil, entre 1953 e 1958, tendo sido galardoada com uma grande diversidade de prémios internacionais e realizado, especialmente, obra pública, que nem toda chegou aos nossos dias.