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Arquipelago de Origem:
Lisboa (cidade)
Data da Peça:
1951-11-29
Data de Publicação:
02/12/2023
Autor:
Judah Benoliel (?)
Chegada ao Arquipélago:
2023-12-02
Proprietário da Peça:
Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa
Proprietário da Imagem:
Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa
Autor da Imagem:
Judah Benoliel (?)
Entidades oficiais nas exéquias da rainha D. Amélia em São Vicente de Fora, 29 de novembro de 1951, Lisboa, Portugal.

Categorias
    Descrição
    Entidades oficiais nas exéquias da rainha D. Amélia em São Vicente de Fora.
    (1865-1951)
    Com o doutor António de Oliveira Salazar (1889-1970), presidente do conselho, estiveram ainda nas cerimónias os representantes das várias casas reais aparentadas com as de Portugal e de França, como a infanta D. Filipa de Bragança (1905-1990), como representante da Casa de Bragança, pois que o irmão mais novo D. Duarte Nuno de Bragança (1907–1976) ainda não estava em Portugal, os condes de Paris, sobrinhos-netos de D. Amélia, o rei Carol II da Roménia (1893-1953) e a princesa Helena da Grécia (1896-1982), então a viverem em Portugal, a princesa D. Teresa Teodora de Orleães e Bragança (e Dobrzensky de Dobrzenicz e Martoreli) (1919-2011), os arquiduques da Áustria, Otão de Habsburgo (1912-2011) e Regina de Saxe-Meiningen (1925-2010), as várias princesas e príncipes de Thurn e Taxis, também Bragança, pois descendentes de Dona Maria Teresa de Bragança (1881–1945), que fora casada com Karl Ludwig de Thurn und Taxis (1863-1942), etc.
    Fotografia do Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa, Judah Benoliel (1890-1968) (?), 29 de novembro de 1951.
    Lisboa, Portugal.

    Maria Amélia de Orleães (Twickenham, Inglaterra, 28 set. 1865; Versalhes, 25 out. 1951) era filha de Luís Filipe Alberto (1838-1894), conde de Paris e duque de Orleães e de Maria Isabel Francisca de Assis (1848-1919), infanta de Espanha, tendo casado em 21 de junho de 1886 com o príncipe D. Carlos de Bragança (1863-1908) e, pouco tempo antes, entrado em Portugal pela estação de Pampilhosa, proveniente de Saragoça. De elevada cultura (e estatura), desenhando e pintando, tal como D. Carlos, com uma certa desenvoltura para a época, veio a desenvolver um importante papel na corte portuguesa, a ela se devendo a fundação do Museu dos Coches e do Jardim Zoológico de Lisboa. Nos últimos anos, especialmente com o assassinato de D. Carlos e D. Luís Filipe (1887-1908), onde teve papel fundamental na defesa da vida do filho mais novo, depois D. Manuel II (1889-1932), veio a fechar-se num certo religiosismo dramático e num protecionismo maternal que não facilitaram a manutenção no trono do seu filho D. Manuel.
    O exílio da Rainha Dona Amélia.
    À semelhança de seu filho, o rei Dom Manuel II , exilou-se em Londres, onde esteve até 1913 e, quando D. Manuel II se casou, mudou-se para o Château de Bellevue, perto de Versalhes, em França, construído pelo arquiteto Leyendecker, que adquirira em 1920 por 500.000 francos e onde se instala, em 1922, tendo depois como secretário o capitão Júlio da Costa Pinto (1883-1969). Durante a Primeira Guerra Mundial, sabemos que a rainha Dona Amélia trabalhou na Cruz Vermelha, tendo sido condecorada pelo Rei Jorge V (1865-1936) de Inglaterra. Em 1940, os soldados alemães ocuparam a sua casa nos arredores de Paris. Numa manobra de charme, Salazar (1889-1970) pediu que o palácio fosse considerado território português e convidou-a a refugiar-se em Portugal. A rainha Dona Amélia respondeu «Na minha desgraça, a França acolheu-me, não a abandonarei na desgraça dela», ficando numa das alas do palácio, onde hasteou a bandeira da república portuguesa. A sua correspondência com o Dr. Oliveira Salazar é muito interessante, e permite-nos perceber como é que Salazar influenciou a sua decisão de nomear herdeiro dos seus bens, o afilhado D. Duarte Pio (1945-), descendente da linha miguelista, linha que, aparentemente, Salazar chegou a considerar vagamente para o suceder (uma solução semelhante aquela que Franco implementou em Espanha). Salazar permitiu, entretanto, que a rainha Dona Amélia fosse entrevistada por Leitão de Barros (1896-1967) e que voltasse a ser “tratada” pelos seus títulos. Finalmente, concedeu-lhe a possibilidade de visitar Portugal, entre 19 de maio e 1 de julho de 1945, mês e meio para rezar junto dos túmulos do marido e dos filhos, D. Carlos,  D. Manuel II e príncipe D. Luís Filipe, tal como se deslocar a Sintra, à Ericeira, Mafra, Fátima, etc., tendo ficado alojada no Hotel Avis. Esta visita trouxe milhares de pessoas às ruas, mas foi obviamente algo curta, pois não interessava entusiasmar os muitos adeptos da monarquia.
    No dia 25 de outubro de 1951, a rainha Dona Amélia faleceu na sua residência em Versalhes, aos oitenta e seis anos, rodeada de fotografias e memórias, na companhia do seu fiel secretário e na cama pintada por Columbano (1857-1929). Esta era a cama que a esperava no Palácio de Belém quando chegou a Lisboa para casar com o rei D. Carlos. As suas últimas palavras foram “Levem-me para Portugal”. Voltou, efetivamente, a Portugal e com honras de Estado, no aviso de 1.ª classe Bartolomeu Dias, a 29 de novembro de 1951, recebendo uma salva de 21 tiros, como chefe de estado e está sepultada no panteão dos Bragança, em São Vicente de Fora (adaptação de texto de Restos de Coleção).