Marinheiros do H.M.S. Rattlesnake em comércio de bomboto com os nativos na Grande Barreira de Coral, aguarela do capitão Owen Stanley, junho de 1849, Austrália
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Descrição
Marinheiros do H.M.S. Rattlesnake em comércio de bomboto com os nativos na Grande Barreira de Coral
Bomboteiros da Grande Barreira de Coral, ilha dos Porcos do arquipélago Luisiano ou Luisíada
Trading with the natives at Coral Haven, June 1849 e H.M.S. Rattlesnake bartering with native canoes off the Pig Island, Louisiade Archipelago, June, 1849
As ilhas Luisianas ou Luisíada foram localizadas por Luís Vaz de Torres (c. 1565-1614) em 1606.
Aguarela do capitão Owen Stanley (1811-1850), junho de 1849
Álbum Voyage of H.M.S. Rattlesnake: Vol. I, antiga coleção de David Scott Mitchell (1836-1907), p. 84 (imag. 487084)
Mitchell Library, State Library of New South Wales (PXC 281, IE 3174589), Austrália.
A viagem do H.M.S. Rattlesnake que saiu Inglaterra em dezembro de 1846 e que teve como primeiro destino a Madeira, foi entregue ao jovem capitão Owen Stanley (1811-1850), nascido em Alderley, Cheshire, filho de Edward Stanley (1779-1849), reitor de Alderley e, depois, bispo de Norwich e neto do Lord Edward John Stanley de Alderley (1735-1807). Aos 15 anos entrou para o Real Colégio Naval, em Portsmouth e, em 1826, prestava serviço a bordo do HMS. Druid, no patrulhamento do Canal da Mancha. Antes de ser promovido a aspirante, nesse mesmo ano de 1826, integrou a tripulação do HMS Ganges, que esteve na América do Sul, onde passou a outras tripulações e, a bordo do HMS Adventure, em 1830, passou o Estreito de Magalhães. Nesse ano regressaria a Inglaterra e viria a prestar serviço no Mediterrâneo no quadro do rescaldo da guerra de independência da Grécia (1821-1829).
Foi no quadro do patrulhamento do Mediterrâneo, que em 1831 foi promovido a primeiro-tenente, integrando várias tripulações e distinguindo-se também como cartógrafo, levantando, em 1835, a carta da ilha de Chipre, editada a 1 de janeiro do seguinte ano de 1844, embora só conheçamos esse trabalho numa edição mais tardia, mas ainda assinada pelos irmãos Christopher (1786-1855) e John Walker (1791-1867), que também gravaram a planta da Baía do Funchal, de 1845. Em 1836 era enviado ao Oceano Ártico como “oficial científico”, no HMS Terror e, em 1838, era-lhe dado o comando do HMS Britomart, onde seguiria com destino à Austrália e à Nova Zelândia, de onde só voltaria em 1843. Entretanto, a 26 de março de 1839 era promovido a comandante, em março de 1842, eleito membro da Real Sociedade de Londres e, a 23 de setembro de 1844, somente com 33 anos de idade, promovido a capitão.
Face aos serviços já desempenhados, em 1846 era-lhe entregue o comando do H.M.S. Rattlesnake (Cascavel), uma antiga corveta de 34,7 m. por 9,7 m., equipada com 28 peças de artilharia, construída nos estaleiros de Chatham Dockyard, no condado de Kent e que fora lançada ao mar em 26 de março de 1822. Este navio participara, entre 1827 e 1829, no patrulhamento das costas da Grécia e, entre 14 e 16 de maio de 1830, no ataque a Argel, centro de pirataria do Império Otomano, onde sofrera danos, tendo de ser reparado. Voltaria depois ao serviço, sendo destacado para o Oriente, estando em 1836 na Austrália e na Nova Zelândia, regressando em 1838, mas voltava logo no ano seguinte ao Oriente, participando ativamente na 1ª Guerra do Ópio, 1839-1842. Regressado a Inglaterra, seria transformado em 1845 em navio oceanográfico, trabalho levado a cabo nos estaleiros de Spithead, no condado do Hampshire e, depois, em Portsmouth, onde estava em novembro de 1846, no mesmo condado.
O capitão Owen Stanley também se começara a distinguir de alguma forma como aguarelista, especialmente pelo convívio que estabelecera com o então pintor amador Oswald Walters Brierly (1817-1894), que, inclusivamente, haveria de convidar para a sua equipa científica do H.M.S. Rattlesnake, em 1848 e que haveria de ser o responsável pela ilustração do material recolhido por aquela equipa. Trabalharia para inúmeras publicações, como o Illustrated London News e, regressado a Inglaterra, entraria para o serviço da rainha Vitória (1837-1901), como seu pintor pessoal de temas náuticos, sendo nobilitado em 1885. Os trabalhos de Stanley foram essencialmente apontamentos de viagem, entretanto colados pelo autor em folhas ligeiramente maiores, com que foi acompanhando os seus principais trabalhos, inclusivamente, a adaptação do Rattlesnake a navio oceanográfico, em Spithead e, depois, o seu reequipamento no porto de Portsmouth, tal com os trabalhos feitos na ilha da Madeira.
Após oito dias na Madeira, a 26 de dezembro de 1846 partiam com destino ao Rio de Janeiro, embora tivessem tido, entretanto, um compasso de espera, por falta de vento, altura em que arriaram as velas para lavagem (?) e recreio da tripulação. Nos meados de janeiro, com vento alísio de S. E. passaram pelas ilhas de Cabo Verde, entre a ilha do Maio e a de Santiago, rumando para o Brasil e entrando no Rio de janeiro a 23 daquele mês. Só chegariam à Austrália em novembro de 1847, mas desenvolvendo depois uma intensa atividade de exploração dos vários arquipélagos limítrofes, como o da Papua Nova Guiné, tendo sido o capitão Owen Stanley o primeiro britânico a identificar a ilha da Nova Guiné, cuja cordilheira central receberia o seu nome. Nos meados de março de 1849, viria a adoecer numa dessas explorações e, regressado a Sidney, faleceria a 13 de março de 1850.