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Arquipelago de Origem:
Lisboa (cidade)
Data da Peça:
2008-00-00
Data de Publicação:
12/03/2023
Autor:
Vários
Chegada ao Arquipélago:
2023-03-12
Proprietário da Peça:
Planeta-Agostini
Proprietário da Imagem:
Planeta-Agostini
Autor da Imagem:
Planeta-Agostini
1961 - O ano de todos os perigos , vol. 18, Os anos de Salazar, Lisboa, Planeta-Agostini, 2008, Portugal

Categorias
    Descrição
    1961 - O ano de todos os perigos
    Os anos de Salazar - O que se ocultava e o que se contava durante o Estado Novo, vol. 18.
    António Simões do Paço (coord.), Lisboa, Planeta-Agostini, 2008, Portugal

    O ano de 1961 foi, para o regime salazarista, o ano de todos os perigos, vindo a revelar-se como o annus horribilis do ditador. Em distintos contextos, múltiplos acontecimentos marcariam esse ano, prenúncio do final do regime colonial-fascista português. Porque uma das linhas de orientação temática do CES aposta no aprofundar do conhecimento sobre o espaço de expressão portuguesa – e sobre as suas ligações históricas – este conjunto de sessões procura reflectir sobre um espaço unido por várias histórias e lutas. Em 2011 passando 50 anos sobre esse ano de todos os perigos, realizaram-se uma série de conferências na CES-Lisboa. Boa ocasião para recordar factos muitas vezes esquecidos, ouvindo os seus protagonistas, enquadrando-os na história comum que une Portugal e os países em que se transformaram – ou se integraram – as suas possessões coloniais.
    Logo no início de janeiro de 1961 tem lugar em Angola um levantamento de trabalhadores da Cotonang, protestando contra as condições de trabalho impostas pela companhia algodoeira. Os protestos são rapidamente reprimidos pelo exército português, mas anunciam o início da luta armada de libertação de Angola, marcada pelo ataque à cadeia de S. Paulo, em Luanda, a 4 de fevereiro e pelo levantamento armado – que Mário Pinto de Andrade classificava como “jacquerie” – conduzido pela UPA em 15 de março.
    Entretanto, a 22 de janeiro, elementos do Directório Revolucionário Ibérico de Libertação – congregando militantes da União de Combatentes Espanhóis e do Movimento Nacional Independente, português – liderados por Henrique Galvão, apoderam-se do paquete Santa Maria, da Companhia Colonial de Navegação, que rebatizam de Santa Liberdade, conseguindo uma cobertura noticiosa internacional e abalando profundamente o regime de Salazar. Em abril, a crise vem, não da oposição, mas do interior do regime, através da tentativa de golpe liderada pelo Ministro da Defesa, Júlio Botelho Moniz.
    Em junho, cerca de cem estudantes oriundos das colónias portuguesas em África que se encontram em Portugal abandonam clandestinamente o país, muitos deles para se juntarem aos movimentos de libertação. A abolição do Estatuto do Indigenato, associado a outras reformas, em Setembro, chega demasiado tarde para travar a acção dos movimentos de libertação das colónias, entretanto reunidos na Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas, CONCP. A 10 de novembro, Hermínio da Palma Inácio comanda o desvio do Super-Constellation da TAP Mouzinho de Albuquerque, a fim de lançar sobre Lisboa milhares de panfletos apelando à revolta contra a ditadura.
    A 18 de dezembro, tropas da União Indiana ocupam os territórios de Goa, Damão e Diu. Salazar ordena que as tropas portuguesas lutem até à última gota de sangue, mas o governador, general Vassalo e Silva, sob influência do então patriarca das Índias, recusa-se a obedecer à ordem do Presidente do Conselho e opta pela rendição. E, na noite de fim de ano, uma tentativa frustrada de assalto ao quartel de Infantaria 3, em Beja, leva à morte do então sub-secretário de Estado do Exército, tenente-coronel Jaime Filipe da Fonseca.