Arca esgrafitada com esferas armilares do Museu Nacional de Arte Antiga, 1540 (c.), Madeira ou Açores, Portugal
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Descrição
Arqueta de decoração esgrafitada com esferas armilares.
Madeira de cedro ou zimbro, cera (escurecida com noz de galha); fechos de ferro batido; A. 33 x L. 73,5 x P. 38 cm.
Oficina portuguesa da Madeira ou dos Açores, 1540 (c.).
Fotografia José Sena Goulão/LUSA, julho de 2018.
Museu Nacional de Arte Antiga (1662 Mov), Lisboa, Portugal.
Mobiliário de decoração tardo-medieval ou gótica, tradicionalmente dado como produzido nas oficinas açorianas, com destaque para as da cidade de Angra, mas que documentalmente também foi produzido na ilha da Madeira. Refere Jan Huyghen van Linschoten (1563-1612), nos finais do XVI, que existiam em Angra inúmeras oficinas de marcenaria que executavam escrivaninhas e mil outras obras que eram levadas para Portugal e, principalmente pela gente das armadas das Índias Castelhanas, que sempre ali iam tomar os seus refrescos (1997, pp. 340-341). Pela mesma data, o padre Gaspar Frutuoso (c. 1522-1591) refere, expressamente, que nessa “Lisboa pequena”, existiam 72 tendas de “carpinteiros de obra de caixaria e ricos escritórios” (1963, p. 30). Os primeiros móveis açorianos parecem seguir os modelos europeus esgrafitados, comuns na Itália e na Flandres, utilizando, especialmente, madeiras de zimbro, cedro ou sanguinho, com decoração incisa em sulcos preenchidos a massa negra (noz de gralha), com elementos heráldicos, como esferas armilares, inscrições várias e figurações de animais fantásticos. exemplares semelhantes foram publicados in Mobiliário português, roteiro do Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, IPM, 2000, p. 44 e foram estudados por Bernardo Ferrão, Mobiliário Português dos primórdios ao maneirismo, vol. 4, anexos, Porto, Lello & Irmão, 1990, pp. 7-35, com várias reproduções.